DOMINGOS VIDAL BARBOSA
( Minas Gerais – Brasil )
( 1761-1793 )
Domingos Vidal de Barbosa Lage Nasce em Nossa Senhora da Conceição do Caminho do Mato – João Monlevade - MG. Foi primo dos também inconfidentes Francisco Antônio de Oliveira Lopes e José Lopes de Oliveira.
Estudou primeiramente em São João del Rei, e depois no Rio de Janeiro, donde partiu para a França, formando-se em Medicina em Montpellier.
Domingos, juntamente com José Joaquim Maia e Barbalho, teria se encontrado com Thomas Jefferson, segundo declarações de Francisco Antônio de Oliveira Lopes
Domingos foi considerado tomou parte ativa no movimento revolucionário conhecido como Inconfidência Mineira, tendo sido condenado a morte. Sua pena foi comutada em degredo de dez anos, na Ilha de São Tiago, do arquipélago de Cabo Verde.
Morreu no exílio, em Cabo Verde, vitimado pelo impaludismo.
Tudo dele se perdeu, à exceção dos poemas Ode a Afonso de Albuquerque e Ode ao Vice-Rei Luiz de Vasconcelos.
SANTOS, Diva Ruas. Antologia da Poesia Mineira. Belo Horizonte: Ed. Cuatiara, 1992. 192 p. Capa e montagem Maxs Portes. Editora: Diva Ruas Santos - Apresentação: Alberto Barroca.
Ex. bibl. Antonio Miranda
ODE A AFONSO DE ALBUQUERQUE
Aonde, musa, me levas inflamado,
Aonde me guia teu furor divino!
Em transportes de gosto arrebatado
A curva lira afino.
D´África vejo os ásperos lugares,
Vejo rasgados nunca vistos mares.
Ordenando as Reais altas Bandeiras
Vê o assustado Ganges, trema a terra
Ao rouco som das tubas pregoeiras
A turbulenta guerra.
Eis que medroso ouvido o Oriente,
Treme de susto o Samorim potente.
Sempre vos deveis guiar
Pelos antigos conselhos,
Que dizem que ratos velhos
não há modos de os caçar:
não batam ferros vermelhos,
Deixem um pouco esfriar.
Se é tempo de professar
Do taful o quanto voto,
Procurai capote roto
Pé de banco de um bilhar,
Que seja sábio piloto
Nas regras de calcular.
Se vos mandarem chamar
Para verem uma função,
Respondei sempre que não,
Que tendes em que cuidar;
Assim se entende o rifão:
Quem está bem deixa-se estar.
Deveis vos acautelar
Em jogos de faro e topo
Prontos em passar o copo
Nas argilinhas do azar;
Tais as fábulas de Esopo
Que vós deveis estudar.
Quem fala, escreve no ar,
Sem pôr vírgulas nem pontos,
E pode quem conta os contos,
Mil pontos acrescentar.
Fica um rebanho de tontos
Sem nenhum adivinhar.
Com Deus e o Rei não brincar,
É servir e obedecer,
Amar por muito temer,
Mas temer por muito amar,
Santo temor de ofender
A quem se deve adorar!
*
VEJA e LEIA outros poetas de MINAS GERAIS em nosso Portal:
http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/minas_gerais/minas_gerais.html
Página publicada em agosto de 2022
|